Dengue e Pernilongo: Conhecendo o Vilões da sua Saúde
É crucial distinguir entre o mosquito da Dengue e Pernilongo. O Aedes aegypti e os mosquitos comuns, como os pernilongos, para identificação precisa e prevenção da propagação da dengue. A característica distintiva do Aedes aegypti são as listras brancas em seu tronco, cabeça e pernas.
Em ambientes domésticos, é fácil diferenciá-lo do Culex quinquefaciatus, conhecido como pernilongo doméstico, que possui uma coloração marrom e pernas sem listras claras.
Enquanto o Aedes aegypti tem uma aparência mais escura com marcações brancas no corpo, ele não é o responsável pelo zumbido noturno comum, que é produzido por outros insetos de hábitos noturnos.
O vetor da dengue é predominantemente diurno, se alimentando de sangue humano ao amanhecer e ao entardecer. Embora suas picadas ocorram principalmente durante o dia, também podem ocorrer ocasionalmente à noite, assim como as de outros mosquitos.
As picadas de outros insetos deixam pequenos inchaços vermelhos e causam coceira, enquanto as do Aedes aegypti não deixam marcas visíveis e não provocam coceira.
Tudo sobre a Dengue
A dengue é uma das doenças pertencentes ao grupo das arboviroses, caracterizadas pela transmissão de vírus por vetores artrópodes. No Brasil, o mosquito Aedes aegypti é o vetor responsável pela transmissão da dengue. Os vírus da dengue (DENV) são classificados na família Flaviviridae e no gênero Flavivirus, existindo quatro sorotipos conhecidos – DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 – que apresentam variações genéticas distintas.
Há evidências que sugerem que o mosquito foi introduzido no Brasil através de navios que transportavam escravos africanos. A primeira epidemia documentada de dengue ocorreu em 1981-1982, em Boa Vista (RR), causada pelos sorotipos 1 e 4. Posteriormente, em 1986, epidemias foram registradas no estado do Rio de Janeiro e em algumas capitais do Nordeste. Desde então, a dengue tem sido endêmica no país, com surtos ocasionais, muitas vezes relacionados à introdução de novos sorotipos em áreas onde não havia transmissão anterior e/ou à alteração do sorotipo predominante, acompanhando a expansão do mosquito vetor.
Fatores como urbanização, crescimento populacional desordenado, falta de saneamento básico e condições climáticas favoráveis contribuem para a presença contínua do vetor e afetam a dinâmica de transmissão desses vírus. A dengue segue um padrão sazonal, com aumento de casos e risco de epidemias, especialmente entre outubro e maio do ano seguinte.
Sintomas e Sinais
A dengue é uma enfermidade febril aguda que afeta o sistema de forma dinâmica e debilitante, muitas vezes resolvendo-se por si mesma. Embora a maioria dos pacientes se recupere, uma parcela pode evoluir para formas graves, podendo levar até mesmo à morte. É crucial ressaltar que a maioria dos óbitos causados pela dengue poderia ser evitada, dependendo principalmente da qualidade da assistência médica e da organização dos serviços de saúde.
Qualquer indivíduo que apresente uma súbita elevação da temperatura corporal (entre 39°C e 40°C) acompanhada por pelo menos duas das seguintes manifestações – cefaleia, prostração, dores musculares e/ou articulares e dor retroocular – deve buscar imediatamente atendimento médico para receber tratamento adequado. Contudo, é essencial estar atento após o período febril, pois entre o terceiro e o sétimo dia do início da doença, podem surgir sinais de alarme indicativos de piora do quadro. Esses sinais sugerem extravasamento de plasma dos vasos sanguíneos e/ou hemorragias e incluem:
- dor abdominal intensa e persistente;
- vômitos persistentes;
- acúmulo anormal de líquidos em cavidades corporais (como ascite, derrame pleural e derrame pericárdico);
- hipotensão postural e/ou sensação de desmaio;
- letargia e/ou irritabilidade;
- aumento significativo do tamanho do fígado (hepatomegalia superior a 2 cm);
- sangramento em mucosas; e
- aumento progressivo do hematócrito.
Após o período crítico da doença, o paciente entra em uma fase de recuperação. No entanto, é importante estar ciente de que a dengue pode evoluir para formas graves, caracterizadas por extravasamento grave de plasma, hemorragias severas ou comprometimento orgânico grave, podendo resultar no óbito do paciente.
Embora a dengue possa afetar pessoas de todas as idades, certos grupos, como mulheres grávidas, lactentes, crianças (até 2 anos) e idosos com mais de 65 anos, têm maior risco de desenvolver complicações graves associadas à doença.
Transmissão
O vírus da dengue (DENV) é predominantemente transmitido ao ser humano através da picada de fêmeas de Aedes aegypti infectadas, sendo essa a via vetorial principal. A transmissão vertical (da mãe para o filho durante a gestação) e por transfusão de sangue são eventos raros.
Diagnóstico
Não é obrigatório realizar exames específicos para tratar a doença, pois o tratamento é baseado nas manifestações clínicas apresentadas. No entanto, existem técnicas laboratoriais disponíveis para apoiar o diagnóstico clínico, como a identificação do vírus (até o quinto dia de início da doença) e a pesquisa de anticorpos (a partir do sexto dia de início da doença).
Prevenção
Em 21 de dezembro de 2023, a vacina contra a dengue foi incorporada no Sistema Único de Saúde (SUS), marcando um avanço significativo no combate a essa doença. Essa inclusão é uma ferramenta importante no SUS, ampliando o leque de doenças imunopreveníveis.
O Brasil se tornou o primeiro país do mundo a disponibilizar essa vacina no sistema público de saúde.
Historicamente, a vacina contra a dengue foi incluída no Calendário Nacional de Vacinação em fevereiro de 2024. A primeira campanha de vacinação, devido à capacidade de produção laboratorial, abrangeu 521 municípios distribuídos em 37 regiões de saúde do país. No entanto, é essencial ressaltar que, apesar da existência da vacina, o controle do vetor Aedes aegypti continua sendo o principal método de prevenção e controle da dengue e outras arboviroses urbanas, como chikungunya e Zika, seja por meio do manejo integrado de vetores ou de medidas preventivas individuais dentro dos domicílios.
É crucial compreender que, ao adotar medidas de controle do vetor após a introdução de novos sorotipos do vírus da dengue, a capacidade de interromper a transmissão é reduzida, devido à alta densidade vetorial. Além disso, o tempo necessário para reduzir as populações de Aedes aegypti é muito maior do que a velocidade de circulação viral, uma vez que, nessas circunstâncias, a população em risco é composta principalmente por suscetíveis. Quando ocorre uma epidemia, ela segue seu curso natural e as medidas de controle do vetor podem ter pouco ou nenhum impacto. Muitas vezes, a redução no número de casos ocorre mais devido à imunidade coletiva que se desenvolve do que aos resultados das medidas de controle implementadas.
Portanto, é durante os períodos fora da sazonalidade da doença que devem ser adotadas medidas preventivas. Esse é o momento ideal para manter medidas que visem evitar epidemias futuras. Nesse sentido, além das ações realizadas pelos agentes de saúde, é fundamental que a população também faça a sua parte, como:
- Utilizar telas nas janelas e repelentes em áreas de alta transmissão reconhecida;
- Remover recipientes nos domicílios que possam se tornar criadouros de mosquitos;
- Vedação adequada de reservatórios e caixas de água;
- Desobstrução de calhas, lajes e ralos;
- Participação na fiscalização das ações de prevenção e controle da dengue realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Tratamento
O tratamento da dengue é principalmente centrado na reposição adequada de líquidos. Portanto, seguindo as orientações médicas, em casa é recomendado:
- Descanso;
- Consumo de líquidos;
- Evitar a automedicação e buscar imediatamente assistência médica de emergência em caso de sangramentos ou surgimento de pelo menos um sinal de alarme;
- Retornar para reavaliação clínica conforme indicado pelo médico.
Atualmente, ainda não há um tratamento específico para a doença.
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